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o Zé Cobra como era conhecido.
Nasceu em 13/09/1931
Faleceu em 28/02/2001, aos 69 anos de idade.
J. Apolônio
Paraty-RJ - 2009
José Luiz Mathias era de família tradicional da nossa cidade. Seu pai foi um grande comerciante de secos e molhados, com armazém na Rua da Praia. A família Mathias morava no Centro Histórico, na Rua D.ª Geralda, em casa própria.
O Zé, como todo garoto, apreciava e jogava como poucos o futebol. Pude conhecê-lo no final de sua carreira, em 1961, quando ele defendia o Pontal Futebol Clube. Era o atleta que primava pelo perfeccionismo, ele dominava a bola no peito, descia-a pela coxa e com o pé deixava-a rolar no gramado. Segundo ele, a bola tinha que estar no chão onde era o seu lugar.
Não sei afirmar - nunca soube por ninguém - se o apelido de Zé Cobra era em razão de ser magro e alto, com pernas longas, ou se era por querer a bola sempre no chão, rastejando sobre a grama. Não importa, de uma forma ou de outra, o apelido poderia servir nas duas situações.
O domínio da bola era a grande qualidade do Zé Cobra, cantava as jogadas para seus companheiros, para voltarem a bola ou irem adiante, conforme a necessidade do jogo e, pedindo-a para tranqüilizá-los nos momentos mais difíceis, por ter um bom controle sobre ela.
O adversário quando partia para o ataque, defrontava-se com o Zé, que com suas pernas longas, embora fosse um pouco lento, conseguia tocar na bola, desviando-a para um colega próximo, desarmando assim o contendor. Não era fácil, como os adversários pensavam, passar por ele.
Para o Zé o futebol era uma arte, como um balé - ele era um bailarino do futebol.
Tratava a bola com carinho, sem chutões, amaciando-a apenas para deslizá-la sobre a relva verde do gramado, na procura do gol. Fez muito sucesso na sua juventude, desde o campo no Pontal, quando iniciou seus passos no futebol, até o Estádio Municipal Mário Pompeu Nardelli, no bairro da Chácara, onde encerrou a carreira de futebolista.
No início da década de 50, o Zé e seu amigo Carlos Conti foram trabalhar em São Paulo, na empresa alemã AEG. Fizeram amizades e passaram a jogar futebol com os novos amigos paulistas. Após um mês, o Carlos Conti não se adaptando com o clima paulista regressou a Paraty, mas o Zé ficou por lá, onde pouco tempo depois foi treinar no São Paulo Futebol Clube, time profissional de primeira grandeza. Agradou a comissão técnica, mas não foi aprovado pelo departamento médico, em razão de uma veia saliente que tinha na perna. Depois de algum tempo na Capital Paulista, retornou à sua cidade natal.
Profissionalmente exerceu o cargo de Escrivão de Polícia na Delegacia de nossa cidade, onde se aposentou. Como humano que era e solícito atendia os pais angustiados por terem o seu filho preso, sempre com uma palavra amena, confortante.
Também tinha o bom gosto pela dança nos bailes no clube de nossa cidade, onde conheceu a Luzia, que veio a ser sua esposa, dando-lhe dois filhos: William e Hudson.
O Zé partiu desta vida, mas deixou como lição para quem quisesse aprender que o futebol é jogado com a cabeça e não com os pés.
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